Nós estávamos todos em casa. E poderia ter sido um buraco no assoalho, mas foi exatamente o contrário: o piso começou a ganhar volume no ponto em que a luz do lustre mais incidia. No início era igual a quando o piso trabalha e levanta um pouco. Mas não parou ai. Dentro de nossa casa nascia uma montanha que vimos crescer, aos poucos, mas infinitamente. Alguns de nós preocuparam-se em sempre poder ter acesso ao cume, acoplando e adaptando escadas e novos degraus. Outros olhavam, dia após dia, sem querer acreditar na montanha. E outros ainda deram as costas a ela, mas para esses a vida em nossa casa tornou-se um inferno, pois é impossível ignorar a topografia de onde moramos. Uns se mudaram e outros se mudaram para cima da montanha.
the opposite of love isn't hate. it's fear. or indifference.
veja os filmes "zeitgeist" no youtube
***
We were all home. And it could have been a hole in the floor but it was exactly the opposite: floor tiles bulged out there where the chandelier cast its brightest spotlight. In the beginning it was like when the floor adapts to changes or moisture in the ground. But it didn't stop there. Inside our house grew a mountain. We saw it rise little by little, though endlessly. Some of us were concerned with always having access to the top and kept adapting ladders and adding them steps. Others stared, day after day, unwilling to believe it. Others still turned their back on the mountain, but for them life in our home turned into hell. Because you cannot ignore the topography of where you live. Some moved out and some moved to the top.
the opposite of love isn't hate. it's fear. or indifference.
see all zeitgeist films on youtube
terça-feira, 28 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
até onde podemos mudar as coisas
você é simples e os seus silêncios são planos. Por isso usei seu retrato em preto e branco para colorir, e acrescentei curvatura pronunciada aos contornos de sua face, espessura às sombrancelhas, abundância aos cabelos, feitos agora para cair sobre a testa. Para ver se sua planície de efeitos ganha relevo. Para ver se essa sua imagem lhe dá alguma ideia de variegar, colorir, fazer diferente. Não que a simplicidade não seja bela. Mas dependendo, ela não entretem. Coloco seu retrato, agora maquiado, no portaretratos. Depois, o portaretratos sobre a mesa no meio da sala.
vocé indaga "quem é?" Eu respondo "quem vocé queria que fosse?" A resposta, simples. O siléncio, plano.
(nosso convívio não é uma busca nem um encontro. sobrepomos nosso olhar para vermos melhor.)
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vocé indaga "quem é?" Eu respondo "quem vocé queria que fosse?" A resposta, simples. O siléncio, plano.
(nosso convívio não é uma busca nem um encontro. sobrepomos nosso olhar para vermos melhor.)
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domingo, 12 de junho de 2011
o maior dos anseios - the greatest yearn
começo a ser
inteiramente eu
um sentido de concretude
serenidade
e fluxo.
***
I'm turning to be
fully me
a sense of concreteness
serenity
and flow.
inteiramente eu
um sentido de concretude
serenidade
e fluxo.
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I'm turning to be
fully me
a sense of concreteness
serenity
and flow.
terça-feira, 7 de junho de 2011
subjuntivo - subjunctive
quero muito me ouvir, mas tenho medo de falar em uma língua que não vá entender. todas as vozes caladas, porém, talvez eu consiga um tempo comigo, e nele repartir temores, desejos, mas sobretudo a constatação de que estou irremediavelmente colocada no mundo e que serei retirada dele. ou o mundo é só um entre tantos, e talvez nem exista. eu, você, nossas imagens no espelho do tempo que sempre quebra. talvez existamos apenas como intenção. um fato pode não ser. a luz sobre as coisas é a única garantia de que algo exista: enquanto e somente enquanto a luz ilumina. é isso: somos apenas um contraste de luz e sombra, e tudo o mais o é. não sobra outra coisa senão luz, sombra, e memória da sombra e da luz. mas quem descreveria com precisão um raio de sol sobre si mesmo? sobre o outro? me calo. não tenho esse poder. ninguém tem. somos, como contrastes, uma história sem fim. e a história que não se conta até o fim não se cumpre.
✦✦✦
i want so much to listen to myself, but i fear i might speak a language i will not understand. all voices silenced, however, perhaps i'll find some time with myself and then share fears, desires, but above all the understanding that i've been helplessly placed in the world and will be removed from it. or else this world is but one among many, and it might not even exist. you, me, our images on the mirror of time, always cracking. perhaps we exist only as an intention. a fact may fail to be. the light on things is the sole guarantee of existence whatsoever: while and only while light is shining. this is it: we are just the contrast of light and shadow, and the memory of shadow and of light. who would render a precise description of a sun beam on one's self? on another? i say nothing. i'm powerless. we all are. as contrasts, we are a story without an end. and a story that is not told to its end does not fulfill itself.
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i want so much to listen to myself, but i fear i might speak a language i will not understand. all voices silenced, however, perhaps i'll find some time with myself and then share fears, desires, but above all the understanding that i've been helplessly placed in the world and will be removed from it. or else this world is but one among many, and it might not even exist. you, me, our images on the mirror of time, always cracking. perhaps we exist only as an intention. a fact may fail to be. the light on things is the sole guarantee of existence whatsoever: while and only while light is shining. this is it: we are just the contrast of light and shadow, and the memory of shadow and of light. who would render a precise description of a sun beam on one's self? on another? i say nothing. i'm powerless. we all are. as contrasts, we are a story without an end. and a story that is not told to its end does not fulfill itself.
domingo, 5 de junho de 2011
Luz e sombra - Light and shadow
Eu posso ir além e pedir, além de sua atenção, seu olhar. E além de seu olhar, pedir o fundo do seu pensamento. O lugar onde o que você pensa aparece, paira, some. Ali, quero lembrar-lhe: nada lhe pertence, nada permanece. Compartilhe o fato comigo, em silêncio, ao sol, no frio do tempo.
Nao tenho por onde continuar assim minha caminhada. Meus pes doem e a Estrada e muito longa. Tenho pedido, ao longo do caminho, que me vejam, me alimentem, me deem de beber e onde dormir. Agora nao posso mais. Preciso erguer meu corpo a uma altura e com uma tal determinacao que o proprio caminho nao tera importancia, porque a cada novo passo terei caminhado todo o trecho, a cada gesto terei feito todos os movimentos. A cada silencio terei revelado todos os segredos e a cada fala, silenciado todas as verdades. Estarei caminhando para sempre sem jamais ter continuado, inciado ou parado de caminhar. Porque todas as coisas estão, basta o olhar.
Há uma linha entre a sombra e a luz. Há um detalhe que não vi entre o meu e o seu olhar, a equação eterna da perda e do ganho havido na experiencia de perder, a equação do limiar. Anseio sutilmente pela voz que me fala. E se ela não se fizer, anseio pelo riqueza contida em calar. Anseio pelo olhar, o olhar, o olhar. O brilho que há em ver. Se pudesse, faria confluir toda a luz do universo para revelar – e suprimir – o limiar.
✦✦✦
I can go beyond and ask, besides your attention, for you to just see me. And beyond you seeing me, I can ask for some room in the background of your thoughts. There, where thinking happens, hovers and vanishes. Once there, I'll remind you: nothing belongs to you, all is impermanent. Let us share the fact in silence, under the sun, in the cold of time.
I cannot keep walking like this. My feet hurt and the road is too long. I’ve asked along the way for people to see me, feed me, give me what to drink and a place to sleep. Now I just can’t anymore. I’ve got to stand so and with such determination that the very way I walk grows unimportant as with every new step I will have walked the whole path, with every new gesture I will have signaled in every direction. In my silence all secrets will have been revealed and each word will have silenced the truth. I will be walking forever, not caring about beginning, continuity or an end to my steps. Because everything is, if only you have an eye for them.
There’s a line between shadow and light. A detail I missed involving your eyes and mine, the endless equation of loss and the gain contained in losing, the threshold equation. I yearn subtly for a voice that words me. And if it fails, I yearn for the wealth of silence. I wish I was seen. Eyes that glimmer. If I could, I would make all the light of the universe converge on this threshold and supress it.
Nao tenho por onde continuar assim minha caminhada. Meus pes doem e a Estrada e muito longa. Tenho pedido, ao longo do caminho, que me vejam, me alimentem, me deem de beber e onde dormir. Agora nao posso mais. Preciso erguer meu corpo a uma altura e com uma tal determinacao que o proprio caminho nao tera importancia, porque a cada novo passo terei caminhado todo o trecho, a cada gesto terei feito todos os movimentos. A cada silencio terei revelado todos os segredos e a cada fala, silenciado todas as verdades. Estarei caminhando para sempre sem jamais ter continuado, inciado ou parado de caminhar. Porque todas as coisas estão, basta o olhar.
Há uma linha entre a sombra e a luz. Há um detalhe que não vi entre o meu e o seu olhar, a equação eterna da perda e do ganho havido na experiencia de perder, a equação do limiar. Anseio sutilmente pela voz que me fala. E se ela não se fizer, anseio pelo riqueza contida em calar. Anseio pelo olhar, o olhar, o olhar. O brilho que há em ver. Se pudesse, faria confluir toda a luz do universo para revelar – e suprimir – o limiar.
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I can go beyond and ask, besides your attention, for you to just see me. And beyond you seeing me, I can ask for some room in the background of your thoughts. There, where thinking happens, hovers and vanishes. Once there, I'll remind you: nothing belongs to you, all is impermanent. Let us share the fact in silence, under the sun, in the cold of time.
I cannot keep walking like this. My feet hurt and the road is too long. I’ve asked along the way for people to see me, feed me, give me what to drink and a place to sleep. Now I just can’t anymore. I’ve got to stand so and with such determination that the very way I walk grows unimportant as with every new step I will have walked the whole path, with every new gesture I will have signaled in every direction. In my silence all secrets will have been revealed and each word will have silenced the truth. I will be walking forever, not caring about beginning, continuity or an end to my steps. Because everything is, if only you have an eye for them.
There’s a line between shadow and light. A detail I missed involving your eyes and mine, the endless equation of loss and the gain contained in losing, the threshold equation. I yearn subtly for a voice that words me. And if it fails, I yearn for the wealth of silence. I wish I was seen. Eyes that glimmer. If I could, I would make all the light of the universe converge on this threshold and supress it.
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