quero muito me ouvir, mas tenho medo de falar em uma língua que não vá entender. todas as vozes caladas, porém, talvez eu consiga um tempo comigo, e nele repartir temores, desejos, mas sobretudo a constatação de que estou irremediavelmente colocada no mundo e que serei retirada dele. ou o mundo é só um entre tantos, e talvez nem exista. eu, você, nossas imagens no espelho do tempo que sempre quebra. talvez existamos apenas como intenção. um fato pode não ser. a luz sobre as coisas é a única garantia de que algo exista: enquanto e somente enquanto a luz ilumina. é isso: somos apenas um contraste de luz e sombra, e tudo o mais o é. não sobra outra coisa senão luz, sombra, e memória da sombra e da luz. mas quem descreveria com precisão um raio de sol sobre si mesmo? sobre o outro? me calo. não tenho esse poder. ninguém tem. somos, como contrastes, uma história sem fim. e a história que não se conta até o fim não se cumpre.
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i want so much to listen to myself, but i fear i might speak a language i will not understand. all voices silenced, however, perhaps i'll find some time with myself and then share fears, desires, but above all the understanding that i've been helplessly placed in the world and will be removed from it. or else this world is but one among many, and it might not even exist. you, me, our images on the mirror of time, always cracking. perhaps we exist only as an intention. a fact may fail to be. the light on things is the sole guarantee of existence whatsoever: while and only while light is shining. this is it: we are just the contrast of light and shadow, and the memory of shadow and of light. who would render a precise description of a sun beam on one's self? on another? i say nothing. i'm powerless. we all are. as contrasts, we are a story without an end. and a story that is not told to its end does not fulfill itself.
Nossa!
ResponderExcluirQue poeta
Quando vai editar em livro -- com folhas, capa & ilustração?
Um beijo, queria estar indo te visitar também...
Fernanda.