Você estende a mão e e eu seguro. Embora áspera como uma dor, seguro firme. Como se do contato com essa mão dependesse o meu continuar a viver. E eu quero continuar a viver. Porque viver é bonito, é em cores e movimentos, e eu aprecio tudo isso. Sua mão me puxa, me dói, e eu permaneço grudada nela, pedindo um caminho, um destino; o toque, seja qual for, que vai me dar sentido e rumo. Chegamos a algum lugar, você solta minha mão e me indica: você fica aqui. O lugar é paupérrimo. Em vez de piso, é chão batido. Em vez de cama, um catre. Paredes empoeiradas e um restinho de sol. Minha mão sente até agora o áspero da sua, embora se tenham soltado. A memória da aspereza. Difícil aceitar ficar, mas você me diz: "não há outro lugar, você não pertence a lugar algum a não ser este. Aqui, cm esse restinho de sol, eu te deixo."
E fico. Passam as horas. Passam os dias. Não tenho o que comer e não sei como sair. Não tenho as chaves, e sequer me sinto presa. É como se não tivesse direito de estar em qualquer outro lugar. Parece que pertenço aqui. Pertenço aqui.
Você não volta. Ninguém aparece. Mal levanto a caneta para riscar a letra que forma a sílaba que finaliza a palavra que você nunca disse, nunca ouvi: amor. Choro o resto da minha existência neste lugar. Seco no lugar. Termino como um fim.
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